domingo, 12 de agosto de 2012

Amai com ternura, vós que amais.

Quando eu era menor, talvez nada me angustiasse tanto quanto as retas. Que terrível idéia, a de dois seres que se encontrariam apenas uma vez, para nunca mais. E as únicas livres da maldição, as pobres paralelas... que para escaparem da assombrosa perspectiva de se deixarem para sempre, após se terem tocado, haveriam, imagine, de nunca se encontrar. Obrigado, amor. Não por me mostrar que eu estava errado. Talvez eu não esteja. Mas, por me mostrar que esse pequeno momento, que essa efêmera (e digo efêmera, porque se há de imaginar a interminável longevidade das retas) intersecção de vidas, que essas horas irrepetíveis, são a real eternidade. Infinitamente maiores que a longa caminhada de traços solitários. Talvez nós não sejamos felizes para sempre. Ou, como dizem atualmente, talvez a gente "não dê certo". Mas... obrigado por esses dias. Obrigado por me devolver os sentimentos de criança. Te amo

sábado, 14 de agosto de 2010

Fotos felizes

E a paixão, que por nunca ter sido
Jamais deixará de ser...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Saber

É nesta morte que te dou
escancarada, aos poucos, a outro...
Que me guardo de morrer...
em silêncio,de súbito, sozinho.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Beijo.

São solidões que se passeiam pela noite.
Se encontrando, se anulando.
Se unindo em almas abandonadas aos carinhos de estranhos...
Vidas se dando em silêncio e segredos procurando a morte.

Em nossas juninas mãos morenas, temos saudade de casa.
Não existe lógica, nem verbo.
Apenas desbravamos colos e somos envolvidos pela maciez da escuridão.

Cada vez mais, em vez de menos.
Devemos juras ao que há de vir.
E lembramo-nos, sempre, de esquecer.
Afinal,
há melhor desculpa para experimentar de novo a vida?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pranto de um carnaval

Sofro.
Sofro porque, hoje, 80 mil braços se cruzam em 20 mil beijos
E isso lhes basta.
Sofro porque
Nesta noite, vinho, chuva e lama correrão juntas.
E desta aliança impura, por tambores e sorrisos regada,
alimentar-se-ão três tristes famílias.

E a angústia das negras nos servirá de pretexto.
Diremos a todos que hoje nos abandonaram, que é por elas.
Só e somente por elas.
Que por seu sofrimento, choramos.
Que por sua alegria, cantamos.
E de seu céu e inferno, bebemos.
Diremos ainda, senhores
Que existe algo.
Que somos e sabemos

Não falaremos
Desse quarto vazio a nos embalar.
Que em nossos dias falta leme e lume.
Que tateamos como bêbados à meia-noite
Que acordamos ao som de cruel matilha repousando em nosso peito.
Repetiremos, uma vez mais, que a guerra, a fome e a praga nos leva pela escuridão.

E então, quando estivermos bem certos de nossa farsa,
Trairei a todos.
Confessar-te-ei
Que não é a miséria das enchentes
Mas a ausência tua
(A dilacerante ausência tua)
Que jorra por entre os mudos versos
Deste choro cruento.

Saberás.
E isso me basta.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ele te acompanha

Ai como eu queria
Em teu corpo repousar
Ah, mas esse moço
Não divide o seu lugar

Ele é perigoso
Maltratou meu coração
Quanto egoísmo desse moço
Que se chama perfeição

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

UNA PALABRA

Una palabra no dice nada
y al mismo tiempo lo esconde todo
igual que el viento que esconde el agua
como las flores que esconde el lodo.

Una mirada no dice nada
y al mismo tiempo lo dice todo
como la lluvia sobre tu cara
o el viejo mapa de algún tesoro.

Una verdad no dice nada
y al mismo tiempo lo esconde todo
como una hoguera que no se apaga
como una piedra que nace polvo.

Si un día me faltas no seré nada
y al mismo tiempo lo seré todo
porque en tus ojos están mis alas
y está la orilla donde me ahogo,
porque en tus ojos están mis alas
y está la orilla donde me ahogo.


de Carlos Varela.